Novos diamantes
De qualquer forma, não era mais
necessário lembrar dos velhos problemas.
Eles falam por si só, latentes ou berrantes. Mas logo estaria acabado. O
peso nos ombros desapareceria por completo e finalmente teria paz para dormir.
Seu erro era se preocupar demais, querer colocar tudo a minúcias. Cada detalhe
revisto e confirmado, e enfim, obsessão sem limites.
Daí percebeu que nem todos eram
assim. Olhavam por cima, já apreendiam o que era necessário e passavam a bola
pra frente e eram felizes, porque se entregavam menos a coisas supérfluas e se
dedicavam a si mesmas. Talvez essa seja a graça de viver: você passa a sua vida
com um objetivo, corre atrás e se não der certo tem muitos outros sonhos a
serem colocados em pauta.
Optava por seguir esse estilo de
vida, depois de passar anos e anos a fio, esperando que alguém reconhecesse que
todo o seu esforço em ser mais do que a excelência: era atingir a perfeição.
Olhava pela janela de seu
apartamento, perdida com os sons do centro caótico, tão desesperador outrora.
Parecia música para os seus ouvidos, vinha uma tranquilidade estranha dali. Depois da despedida, o silêncio era o pior dos
inimigos, a oficina da loucura.
Novos recomeços são difíceis. As
comparações do passado com o presente e até mesmo com o futuro incerto eram
inevitáveis e incontroláveis, a princípio. Nova rotina, novos hábitos. Mudanças
eram necessárias – graças a Deus – eram coisas naturais que devem acontecer na
vida de cada indivíduo.
Ela estava pronta para esse novo
capítulo: era a hora de lapidar o diamante que começava a brilhar.
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