Olhares

Estava apressada naquela manhã. Ela praticamente corria com seus livros, e não viu o homem em seu caminho, tendo como consequência um grande tombo. Ele, muito gentil, ajudou-a a recolher seus livros e perguntou se ela estava bem. Naquele momento, ela reparou no semblante que estava a sua frente. Olhos claros, cabelos castanhos, feições feitas por anjos. Completamente seduzida, respondeu qualquer bobagem, pediu desculpas e continuou seu caminho.
Chegando na faculdade, nova surpresa. O homem que derrubara era o novo professor de sua matéria preferida... Ambos pareciam estar igualmente desajeitados com a situação. O tempo foi passando e se tornaram amigos, mas sempre com a polidez e o respeito que deveria existir naquele ambiente.
Mas, essa espera doentia e apaixonada acabou quando o fim do curso se aproximava. Ela já não aguentava manter apenas para si todo este sentimento que a movera tão apaixonadamente para as aulas, e ele, não suportava a ideia de perdê-la sem ao menos dizer o que sentia.
Então, em uma noite em que a chuva era tão forte que a visibilidade era quase nula, ele a viu. Ela protegia os livros da chuva que não parava de cair...
Gentil como sempre, ele ofereceu uma carona para ela, que, com medo de ficar sozinha ali daquele jeito, entrou. O trânsito estava deliciosamente congestionado. A conversa era trivial, mas um outro assunto pairava no ar quente daquele carro. À medida que a conversa mudava de rumo, o trânsito lá fora parecia ter sumido... os olhares se encontraram, intensos, e o primeiro beijo aconteceu, como se fosse o remédio de uma longa febre, que acabava ali. Aquele momento parecia mágico, inacabável... o amor contido, a paixão avassaladora estavam à flor da pele. O trânsito melhorava e assim, chegaram à casa dela, onde os beijos, abraços se multiplicaram, agora acompanhados pelo vinho, que os deixava leves e entregues aos prazeres daquela noite, que acabava de começar...


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